quinta-feira, setembro 30, 2010

Vota Cão

Palavras bonitas
Gravatas engomadas
Sapatos engraxados
E no canil,
Caras ensebadas,
Trapos e patas no chão
Sem alfa nem Beto.
Vai cão!
Vota!

Tem direito!
Mesmo de esquerda,
Tá na constituição!
Constitui cão
Todo aquele que sabe latir.

Então,
Vira a lata,
Faz forféu.
Das madames de fitinha rosa,
Aos sarnentos de plantão.
Cão é cão,
E merece atenção!

Mas não balance o rabo à toa,
Pro primeiro que lhe der a mão.
Porque tem cão que é raposa,
Mas não engana não.

Totó um ossinho aí!
Joga o galhinho pra buscar.
E assim que o sol se pôr,
- Vai pra fora e fica quieto.
Se latir apanha,
Se cagar na grama,
Te mato!

Mas vai cão!
Vota!
Tem opção?
Opa cão!
Escolhe teu dono então.

terça-feira, setembro 28, 2010

Toquinho

Eu não me lembro do primeiro, nem mesmo lembro o último. Mas lembro dele e é isso que importa. Injustiça quando dissermos a respeito do último, pois nunca saberemos quando iremos recorrer a ele.
Os primeiros tiveram o mesmo tamanho. Uns preferiam ter um para cada assunto, outros, preferiam ter um para todos os temas e colocar tudo lá dentro, sem ter preocupações para organizá-lo.
Alguns eram meigos, outros eram mais heavy metal e sempre tinham aqueles que não tinham ‘cara’ de nada. Mas independente de como era sua aparência, o mais importante é aquilo que estava no seu interior. E mesmo para aqueles que não guardavam quase nada em seu interior, ele era sempre levado pra cima e pra baixo.
Lembro-me que alguns eram usados apenas para nos proteger da chuva, quem é que não fez isso? Às vezes, ele só era lembrado no momento de uma guerrinha durante a ausência de algum professor na escola. Ele estava lá, presente. Ao nosso lado, para nos servir.
Confesso que guardei muito mais do que algumas informações e conhecimento naqueles que usei. Guardei parte de mim. Guardei sangue, lágrimas e letras. Nele eu registrei momentos que jamais voltarão, assim como a caricatura de um professor, que minha mente se recusa em lembrar o seu verdadeiro rosto. Guardei conversas, colas, rascunhos. Guardei idéias, sonhos. Posso não tê-lo mais em minhas mãos, mas sua serventia foi indiscutível, pois permitiu que minha mente fosse libertada.
Querido Toquinho, posso ter deixado meu caderno num canto qualquer, mas tenho certeza de que junto do caderno, deixei parte de mim.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Projeto Ficcional (pt 1)

Antes mesmo do ato ela ouve seu grito ressoando através da sala e desaparecendo no silêncio dele. Ela o sente nas têmporas.

Pelo barulho dos passos no piso de madeira, enquanto seus pulmões rasgam, ela percorre sua via-crucis diária até lá em cima, no quarto dele: ela na cozinha lavando os pratos, secando a roupa, vagando pela casa. Ela sentindo aquela fisgada e a chama se acendendendo e ela largarndo tudo e sendo guiada por estímulos ancestrais através dos cômodos até chegar ao quarto dele, ele a vê, ela está de camisola, uma das alças caídas no ombro, um vislumbre róseo, o marido sentado à máquina, seu corpo curvado, as mãos erguidas inertes no espaço entre o dorso e a máquina, olhos vazios fitando a porta, ela o olhando diretamente nos olhos e se aproximando, e mais um passo e o bater no teclado do computador, o olhar dela morrendo invisível no meio do caminho. A chama se congela e forma-se um lago de onde emerge um monstro de mil olhos que cercam a mulher ridícula, seminua, puta. Tec tec tec. Tec tec tec.

O silêncio ao redor deles forma uma malha sísmica no ar; os dois como placas tectônicas, o silêncio como o estrago visível na superfície. Ela respira fundo tá vendo esse silêncio, seu cafajeste, ele é seu, é meu presente de guerra, meu esforço de humanidade no meio da matança geral, meu tratado de paz, mas não tiro o dedo do gatilho, nunca se sabe se o canalha esconde a arma entre os contratos de paz na mala mas o ar sufoca o grito.

A parte interior dela que chama de consciência refugiou-se no lodaçal onde nasce a raiva, invencível. Do mesmo modo como abandonara a si mesmo e se entregara de corpo e alma ardentes para ele, do mesmo modo fora rejeitada, seu corpo em brasas relegado a um canto frio da imaginação dele, de onde a apanharia de acordo com as imposições da folha em branco, que é como ele entitulava o sistemático processo de humilhação ao qual a submetia.

Ela não pode chorar. Tenta não tremer. Muda a posição das mãos e dos pés, procurando na gesticulação uma justificativa para seu corpo estar onde estar, de camisola em plena luz do dia. Tec tec tec é o som do silêncio. Não há um ruído no quarto, modorrento. A escada está limpa, recém encerada, a sala quieta. Não possuem filhos. O vento não sibila no jardim. Da janela se vê o mar, muito distante, cujo som morre no meio do caminho, como o olhar dela. A espuma das ondas uma faixa branca muito longe, desejo desperdiçado, vida desperdiçada, um homem castrado, a semente esparramada, longe, tão longe, batendo e voltando, morrendo no meio do caminho, do esperma no mar nasceu a deusa do amor, trancafiada em suas próprias entranhas por um cafajeste


O som da máquina cessa. Ele a olha e pergunta “o que foi?” Ela deixa o mar como Afrodite e olha para ele, que está falando ele está falando ele está falando. O que foi? O que foi? Não foi nada, só estou aqui presa dentro de mim sendo queimada pelo fogo e não consigo sair, e não consigo fazê-lo sair e você não dá a mínima não mais me olha nos olhos não me pega nos braços não tira a minha roupa me faz  sentir uma puta horrível aleijada quando venho até você com o corpo que ainda possuo por sabe deus quanto tempo, e aí depois de uma semana assim você de repente aparece um dia no meu quarto e me dá um beijo um amor e me pega pela mão em silêncio e transforma a chama num fogo que incedeia nós dois juntos e me faz acreditar que eu não mais vou morrer incendiada sozinha, então quando nós dois estamos deitados abraçados eu perco o medo da morte pois você se se juntou a mim no fogo e no silêncio e no meu medo da noite e aí eu não tenho mais medo da morte pois sei agora que ninguém morre sozinho… e aí e aí no dia seguinte você
“Não é nada”, ela responde.


(continua)


sexta-feira, setembro 24, 2010

Vésperas, outra vez.

E o mesmo filme reprisa sem dó e com pressa na tela de sua vida.
Nascimento, infância, adolescência estranha e quase adulta...
Os sonhos realizados, os outros tantos refeitos, transformados... Alguns mortos, outros suicidas, alguns abortados pouco antes de serem concebidos... E muitos outros sonhos e tantos a serem conquistados, vividos...
Às tantas da manhã, ela ainda consegue derramar lágrimas sabendo bem de quê, mas acorda com o sorriso feito e sincero, pois é dela a alegria de viver.
Abraça com os braços estreitos tudo aquilo que lhe é bem quisto, bem vindo. E aperta, quase sufoca, o que lhe é garantia de risos e lembranças doces.
É estranha. Uma dualidade sem fim, umas contradição sem norte...
Às vezes é não, às vezes é só sim.
Mas deixou há quilômetros e há anos todas as certezas... Demorou, mas hoje finge que entendeu que as certezas se desfazem... Embora a sua certeza nunca tenha se desfeito...
Tem nos olhos o mesmo brilho. Só que, às vezes, o opaco da razão o emudece.
E, embora ainda não saiba se é bom ou ruim, é teimosa a ponto de reinventar todos os seus passos, às vezes cansados, só para viver uma vida inteira.
Anda com medo dos “tics e tacs” do seu relógio. Ela tem tanta pressa que aprendeu a seguir só, caso alguém demore muito para ir junto. Porém, vive a reclamar a falta do abraço... do colo de quem nem precisa ouvir nada. Apenas sentir este coração que desaprendeu o ritmo e desacelera todas as paixões.
Vésperas... e, amanhã sendo primavera, não é preciso estação para quem tem suas flores brotando todos os dias... E dos espinhos, faz arte com dor ou, com cicatrizes... Só nunca deixa de plantar as sementes...
Ela não sabe muito de nada... E nem pouco de tudo... Mas celebra sempre o viver...
Vésperas... e amanhã, mais uma primavera...
(escrito em 14/09/2010)

quinta-feira, setembro 23, 2010

Lançamento

3.. 2.. 1..
E somos lançador pro ar.
É muito fogo, é muita fumaça.
Mal dá pra respirar.
A vida inteira somos lançados,
Arremessados num céu infinito
Sem saber aonde isso vai dar

No ar!
Ao vivo, vivendo mesmo.
Porque a queda é braba,
Pode deixar sequelas,
É pra valer!
Mas tá valendo.

Se vingar,
Iremos até o mundo da lua,
E lá, sem os pés no chão,
e sem gravidade,
o que é gravíssimo!
Seguiremos sonhando.
Sem deixar o tanque esvaziar,
Abastecendo-o de muitas ideias
Sempre de férias com a Terra.

Num lançamento, eu minto
Invento que um dia vou voltar
Mas por um momento,
Eu penso,
Eu sei que não tenho data nem hora,
Pra chegar.

Agora,
E nesse instante,
Nessa contagem regressiva
que não parece terminar,
Ficamos com as cabeças nas nuvens,
Sem saber se o piloto é a sorte ou o azar.

Fogo!

terça-feira, setembro 21, 2010

A última carona

Não importa o tempo que leva,
para o sol se por ao longo do dia.
Nem mesmo o tempo que leva,
Para a lua orquestrar a noite.

Eu vou dizer aquilo que penso,
fazer aquilo que quero.
Vou amar aquilo que faço.
Viver!

Não importa se estará ao meu lado,
ou se terei que fazer tudo sozinho.
Não faz diferença se estarei com alguém,
pois não é o que me preocupa.

Posso cometer um erro, ou dois.
Posso estar enganado.
Mas jamais estarei arrependido
de seguir em frente.

Esse é o único caminho,
para me fazer voltar pra casa.
Estaria você comigo?
Estaria você ao meu lado?

Não tenho pressa.
Nem mesmo,
todo o tempo do mundo.
O tempo é esse!

Com ou sem você,
seguirei minha vida.
Estendo minha mão,
uma última vez.

O tempo pode passar mais rápido,
Ou então mais devagar.
Ele só não vai voltar atrás,
de novo!

quinta-feira, setembro 16, 2010

Sono

Felicidade, não tem idade,
Tem dia.
Curiosa simpatia,
De deitar a cabeça no travesseiro,
Faceiro!
Sem nenhum peso ou arrependimento,
Por um momento refletir:

“Será que antes do sol se pôr,
Seja por ódio ou por amor,
Fiz mal a alguma criatura?
Ou, por ventura,
Saciei todas minhas vontades?”

É tarde.
Outra oportunidade, só depois de sonhar.
Pois acordar, quem diria,
É um truque de sabedoria.

terça-feira, setembro 14, 2010

Revolta das sombras

O ruído do sapato quebrou o silêncio da noite. O rapaz corria com dificuldades, pois já estava correndo há muito tempo. Buscava um lugar seguro, escuro ou repleto de luzes. Foi isso que pensou. Mas não encontrava nada parecido e por isso corria.
Olhava para trás com o pânico nos olhos e já pensando em se entregar. Dobrou mais dois quarteirões e desistiu. Começou a caminhar, não quis olhar para trás. Fechou os olhos. Foi quando sentiu seu corpo ser puxado, o frio percorreu seus membros e a escuridão cobriu seus olhos. Estava morto.
A cidade estava em caos, pois era o 14º desaparecimento naquela semana. Nenhum corpo encontrado, nenhum vestígio, nenhuma pista. Não havia perfil para vítimas e a única coisa que se sabia, é que os desaparecimentos ocorreram durante a noite e com pessoas que estavam sozinhas.
Ninguém mais permanecia nas ruas depois do pôr do sol. O medo era geral, e nem mesmo as autoridades arriscaram alguma atitude.
O lar era a única salvação. Era a segurança. Mas não tardou para ser o lugar mais perigoso para se ficar. As pessoas começaram a desaparecer dentro de suas próprias casas. Nenhum sinal de tortura, armas ou de uma entrada forçada nas casas. Pelo contrário, o lugar sempre estava como fora deixado no dia anterior.
Não havia mais uma noite segura. Alguns buscaram se mudar, outros buscaram se reunir para passar as noites. Mas isso não impedia que novos ataques ocorressem. Era algo silencioso, sutil e definitivamente mortal.
A jovem garota estava tendo pesadelos e acordou no meio da noite. Estava assustada, mas algo dentro de si a impediu de gritar. Ao contrário disso, caminhou lentamente para o quarto dos pais. A porta estava entreaberta e pode ver uma delicada claridade que entrava pela janela do quarto.
Assim que pensou em entrar no quarto, recuou. Notou que a sombra formada pela janela tinha se mexido. Pensou num gato ou num galho de árvore, mas a sombra continuava se movendo. O retângulo formado pela janela mudou de direção e sua claridade subia pela cama de seus pais. Não sabia o que estava acontecendo, mas logo descobriu. A claridade da janela estava sobre o rosto de seus pais e, de uma forma mágica, ela foi diminuindo. Quando a claridade da janela desapareceu, o corpo de seus pais não estava mais lá.
Gritou. Entrou em desespero. Tinha acabado de ver a sombra da janela ‘engolir’ seus pais. Virou-se para correr, mas a claridade da janela já tinha voltado ao normal; tal claridade, tinha formado a sombra de seu corpo. Calou-se, e ainda soluçando, pode ver sua sombra abrindo os braços e lhe abraçando. Um abraço frio, um abraço escuro. Não gritou, não chorou, e nem teve medo; estava morta.
Com o passar das semanas, as pessoas foram sendo exterminadas. A cidade ficou vazia; não havia mais nenhuma pessoa. Não havia nenhum corpo. Não havia mais nada.
Os braços das sombras levavam a morte e eles se estenderam para as cidades vizinhas; em seguida, para os outros estados. Cruzaram paises e continentes. Quando o mundo se deu conta da revolta das sombras... ele não mais existia. Pois a sombra da lua engoliu a Terra.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Lamentações

Lamento por me permitir chegar a este ponto: - o de resumir minhas noites de insônia em lamentações sem rimas.

Também lamento pela falta de sono, pelas olheiras de amanhã, pela falta de dinheiro e pelas muitas idéias que fabrico durante toda madrugada sobre "como ficar rica".
Aliás, lamento por desejar ainda ser rica.
Lamento pelos cálculos que antes eram feitos por possíveis fortunas e hoje são feitos por inúmeras contas a pagar.
Lamento pelo IPVA, pelo IR, ISS, e tantos outros "I"s.

Lamento por não ser mais a cdf do colégio, nem a capitã do time de vôlei, nem a garota que andava 15 km de bicicleta todos os dias.
Lamento. E lamento ainda mais as lamentações.

Lamento pela Terra Nunca ser só fantasia.

Lamento por insistir com os pés enterrados no passado enquanto a vida passa, enquanto ele passa.
Lamento ainda, não conseguir, pelo menos um dia, ficar sem pensar nele (mesmo que seja mal).
Lamento não dar "enter" e começar outra história, mesmo que seja para lamentar depois.

Lamento pelos passos obrigados a conhecer o fracasso, a desilusão e a distância da fé.

Lamento pela anfetamina, pela ração humana, pelos cremes anti-rugas e anticelulites.
Pela tinta no cabelo, pelo corte mais curto e pelas unhas vermelhas.
Lamento pelos CDs substituindo minhas fitas K-7 e por eu ter que reescrever minhas lamentações no computador.

Por fim, lamento por ter me transformado nesta pessoa que vomita suas lamentações na madrugada e no dia seguinte tem a cara lavada e sorriso no rosto, sustentando a bandeira de que vale a pena viver.
Difícil é aceitar que, envelhecer e amadurecer, fazem parte do processo. É, também, viver.
Já são 02:38 da manhã. Preciso dormir.
Amanhã?

– Recomeço.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Cada um em seu Tempo

Sei que o lado de lá
E o de cá
Cada um é um
E cada qual
É tal
Que não são os mesmos relógios
Que o ponteiro roda desigual

Cada um tem suas vontades,
Dos que já foram e desejam ajudar,
Dos que irão e querem ir felizes.
Mas cada um tem seu tempo
Fazer todos fazem
Todos são capazes
De mudar e mudarem-se

Se cada um tem seu tempo,
Para aprender, entender e fazer,
Então cada um tem seu pulso e batedor,
E não pode exigir um minuto sequer
De outro que anda atrasado ou adiantado,
Seja por preguiça, desaforo, ou até mesmo amor.

Por fim,
Só há um tempo a confiar
Um coração pra bater
E viver e pulsar.
Um pulso egoísta inconsciente,
Que deve sempre fluir em frente
Pois viver sozinho no meio das pessoas,
É o caminho.

terça-feira, setembro 07, 2010

Recompensa

Você está com aquele olhar de novo. Aquela cara de piedade que costuma fazer quando se sente contrariada. Nem pense nisso, eu lhe proíbo!
Mas é olhando no fundo dos seus olhos que eu ainda vejo aquele brilho; sim, aquela chama que mostra que você tem mais energia guardada. Mesmo o seu rosto, sua expressão, seus sinais de fadiga, não são o bastante para me convencer, pois aquela chama no fundo dos seus olhos me confirma. Ela diz que ainda podemos continuar; que ainda posso extrair mais de você.
Não foram minutos, não foram horas... Levou muito mais tempo. Durante o caminho, nós nos machucamos e parte dele ficou marcado com o nosso sangue. Marcado com o nosso suor.
Sempre soubemos que enfrentaríamos um terrível obstáculo. Sempre acreditamos que tudo isso valeria a pena, pois no final seriamos recompensados. O convívio nem sempre permaneceu como queríamos. As discussões foram inevitáveis, mas foi tudo fruto do cansaço. Conseguimos superar isso também.
Nos momentos mais difíceis, usamos o ombro um do outro para nos apoiar. Nos obstáculos mais altos, um sempre estendeu a mão ao outro, e foi assim que conseguimos subir até aqui. Nos momentos de frio, eu lhe aqueci. Nos momentos de insegurança, você me confortou. Nos momentos de dúvida permanecemos abraçados por mais um dia, pensando na melhor decisão. E sempre tomamos a melhor decisão e prosseguíamos com nosso trajeto.
Quando você ia cair, eu estava lá para evitar sua queda e quando eu estava a ponto de desistir, aquele brilho em seus olhos me confortou e me trouxe de volta. Chegamos aqui juntos, então não me faça essa cara de cansaço. Falta pouco.
Algumas horas depois, após termos passado por uma dezena de rochas, a grama começou a pintar o chão rochoso de verde. A subida que antes era totalmente íngreme, passou a se tornar suave. Demos as mãos e corremos até o topo. Chegamos na hora certa; a tarde estava caindo.
Sentamos um ao lado do outro, você apoiou a cabeça em meu ombro e juntos assistimos o pôr-do-sol.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Tua Verdade Se Foi

A tua verdade se foi.

Te fiz altar, te circundei de flores e pintei minhas cores nas tuas tardes pálidas.
Anunciei tua mansidão, abracei o teu carinho e transpirei teu amor.
Te criei e recriei.
Te fiz santo, profano, encanto e canto.
Te vesti de conto de fadas.
Esbocei sorrisos de telas na tua face.
Bordei no teu dia o brilho do Sol
E pintei na tua noite os mistérios da Lua.

Rola lágrima em pranto.
Te ver partir é meu desencanto.
Tua sombra aqui é sem cor, sem brilho e nem mistérios.
É o que sobrou das verdades que criei.
No chão da minha alma,
Apenas a cópia fria e sem graça do teu retrato.

A tua verdade se foi.

E dói.
Dói saber que quem amei,
Não passava de uma mentira minha.