Eu já tinha ouvido falar a respeito daquele par de olhos. Diziam que seu olhar era tão perturbador que até o mais forte e seguro dos homens poderia enlouquecer. Ouvi histórias que afirmavam que aquele era o verdadeiro olhar do desespero, e que seu poder provinha das trevas.
Aquela criatura vivia sozinha, como se fosse um ser humano normal, mas até hoje não é possível dizer se alguém foi capaz de fitar aqueles olhos e sobreviver. Como pode ser possível a existência de algo com o olhar tão cruel, capaz de enlouquecer uma mente e matar?
Já ouvi dizer que uma jovem morreu no exato momento em que seus olhos encontraram os olhos da criatura. Mas a maioria dos relatos se repete de outra forma; o indivíduo fica perturbado, fala bobagens, sua mente é abalada e a insanidade o leva ao suicídio.
Como é possível existir olhar capaz de causar isso? O que haveria de errado com o rosto dessa criatura? Pois não acredito que, de fato, seu olhar seja responsável por tudo isso. Deve existir algo em seu rosto, alguma deformação, talvez. Ou então, ele não teria olhos. Mas, sabe-se que é capaz de enxergar, então isso não faria muito sentido.
Um olhar capaz de deixar uma pessoa insana! Meu Deus, como?
Passei toda a minha vida sabendo dessas histórias e parte dela tendo a certeza de que todas são reais.
Meu nome é Narcizus, filho da sétima casa de K. Sou a criatura humana dona desse olhar que mata as pessoas. Vivo sozinho e vivo sem saber o que há de errado comigo. Mas digo-lhes que eu vivia sem saber... Pois farei algo do qual sei que não deveria, vou olhar meu rosto pela primeira vez e descobrir o que existe nele. Irei relatar o que vou sentir ao me observar e serei breve, pois talvez meu fim seja certo.
Pego o espelho e com os olhos fechados coloco-o diante de mim. Seguro a caneta com firmeza e, por fim, abro os meus olhos. Vejo luz, beleza e segurança. Deus, como meu olhar é puro! Como esse olhar pode matar alguém?
Transmito paz e confiança. Tento tocar o meu reflexo no espelho, quero estar próximo de mim mesmo. Quanta luz! O mundo gira ao redor desse olhar puro. Vejo-me como um anjo mensageiro da felicidade. Meus sentidos vacilam e começo a compreender o contraste do meu olhar com o mundo em que vivemos. Acho que em breve irei perder a consciência. Ainda vejo força, sinceridade; não quero me afastar desse olhar. Mas a escuridão se aproxima; tudo está se acabando.Vejo um perturbador olhar imaculado. Vejo que esses olhos me puxam para um mundo onde a beleza e a paz se tornam perturbadoras. O ser humano não está pronto para isso. A loucura e a insanidade se aproximam de mim, a luz está desaparecendo. Não vejo nada! Não vejo nada além do meu fim e da minha morte. A morte provocada pelo meu próprio olhar.
Aquela criatura vivia sozinha, como se fosse um ser humano normal, mas até hoje não é possível dizer se alguém foi capaz de fitar aqueles olhos e sobreviver. Como pode ser possível a existência de algo com o olhar tão cruel, capaz de enlouquecer uma mente e matar?
Já ouvi dizer que uma jovem morreu no exato momento em que seus olhos encontraram os olhos da criatura. Mas a maioria dos relatos se repete de outra forma; o indivíduo fica perturbado, fala bobagens, sua mente é abalada e a insanidade o leva ao suicídio.
Como é possível existir olhar capaz de causar isso? O que haveria de errado com o rosto dessa criatura? Pois não acredito que, de fato, seu olhar seja responsável por tudo isso. Deve existir algo em seu rosto, alguma deformação, talvez. Ou então, ele não teria olhos. Mas, sabe-se que é capaz de enxergar, então isso não faria muito sentido.
Um olhar capaz de deixar uma pessoa insana! Meu Deus, como?
Passei toda a minha vida sabendo dessas histórias e parte dela tendo a certeza de que todas são reais.
Meu nome é Narcizus, filho da sétima casa de K. Sou a criatura humana dona desse olhar que mata as pessoas. Vivo sozinho e vivo sem saber o que há de errado comigo. Mas digo-lhes que eu vivia sem saber... Pois farei algo do qual sei que não deveria, vou olhar meu rosto pela primeira vez e descobrir o que existe nele. Irei relatar o que vou sentir ao me observar e serei breve, pois talvez meu fim seja certo.
Pego o espelho e com os olhos fechados coloco-o diante de mim. Seguro a caneta com firmeza e, por fim, abro os meus olhos. Vejo luz, beleza e segurança. Deus, como meu olhar é puro! Como esse olhar pode matar alguém?
Transmito paz e confiança. Tento tocar o meu reflexo no espelho, quero estar próximo de mim mesmo. Quanta luz! O mundo gira ao redor desse olhar puro. Vejo-me como um anjo mensageiro da felicidade. Meus sentidos vacilam e começo a compreender o contraste do meu olhar com o mundo em que vivemos. Acho que em breve irei perder a consciência. Ainda vejo força, sinceridade; não quero me afastar desse olhar. Mas a escuridão se aproxima; tudo está se acabando.Vejo um perturbador olhar imaculado. Vejo que esses olhos me puxam para um mundo onde a beleza e a paz se tornam perturbadoras. O ser humano não está pronto para isso. A loucura e a insanidade se aproximam de mim, a luz está desaparecendo. Não vejo nada! Não vejo nada além do meu fim e da minha morte. A morte provocada pelo meu próprio olhar.