terça-feira, setembro 20, 2011

Eu não busco as estrelas

Não importa as coisas que me aconteceram no passado, assim como não faz a menor diferença aquilo que acontece no meu presente. As conquistas, as glórias e as vitórias, podem ostentar a minha prateleira, mas logo perdem espaço em meus pensamentos, que buscam olhar para frente; apenas para frente.
Ter você ao meu lado é a forma mais clara de demonstrar uma conquista e um objetivo alcançado. Mas não pense que será esquecida em minha prateleira, pois agora almejo o futuro com você ao meu lado. Quero pensar sempre no próximo passo.
Você pode me beijar agora, mas estarei pensando no próximo beijo. Posso lhe cobrir de presentes, mas minha mente trabalha intensamente em qual será o próximo presente que lhe darei. Não importa se os humores estão abalados, ou se algo me aborrece. Meu pensamento está no dia seguinte, no próximo mês e até mesmo nas próximas brigas que iremos superar.
Talvez o presente esteja lhe satisfazendo, mas eu não me aquietarei até ter traçado um futuro ainda mais grandioso. Chame-me de ambicioso se quiser, mas isso não tem nada com ambição. Chame-me de sonhador, mas isso não tem nada de fantasioso ou irreal. O que passa por minha incansável mente é uma única coisa: tê-la para sempre. E ao usarmos a palavra como ‘sempre’, estamos assumindo compromissos que fogem de nosso controle. Não controlamos todas as variáveis do universo, não podemos garantir que tudo aconteça conforme planejamos. Aquele ditado martela a minha cabeça e luto diariamente para enfrentá-lo e provar ao universo que existem outras coisas certas, além da morte.
Construímos nossa casa, subimos o nosso castelo. Alcançamos o topo do mundo. Mas eu quero lhe dar mais, pois você merece as estrelas.
E quando eu estiver com a primeira delas em minhas mãos, as estrelas não serão o bastante. Pois eu a quero para sempre. E o 'sempre' exige mais do que algumas estrelas.

terça-feira, setembro 13, 2011

Chiquito

Você levanta cedo para trabalhar, pega ônibus lotado, trem apertado e em nenhum deles consegue viajar sentado? Mas que pena, você não é nem um pouco sábio.
Esperto é o Chiquito; jovem, saudável e cheio de manias interessantes. Ele levanta cedo também, ou você pensa que só a sua vida é corrida? Acorda, toma um banho e depois de 45 minutos arrumando o topete, Chiquito está preparado para tomar o café da manhã. Receita sadia, repleta de fibras e vitaminas. Um mamão aqui, uma banana ali, um açaí aqui e ali. Entre uma coisa e outra toma uns comprimidos. O azul, o vermelho, o amarelo e o preto. O preto é o mais irado, chega a dar um troço do tipo ‘sei lá’!
Agora Chiquito está pronto para sair. Pega as chaves de seu conversível importado e sai queimando o chão. Esse Chiquito é um cara que se deu bem na vida. Enquanto isso, você está no seu trabalho, ouvindo sermão, tomando safanão e quando pede aumento... Já sabe que vai ouvir ‘não’!
O som bombando já faz as vidraças tremerem e os alarmes dos carros tocarem; 5 minutos depois, Chiquito chega à academia. Puxa um ferro aqui, bate um papo com os amigos ali, confere o topete aqui e ali. Entre uma coisa e outra toma uns comprimidos. Dois azuis, dois vermelhos, dois amarelos e dois pretos. Já falei que o preto é irado? Quando ele toma os pretos, dá um negócio do tipo... ‘sei lá’!
Depois de malhar, Chiquito passa no trabalho, mas só pra dar as caras e lançar uns xavecos nas gatinhas que contratou; talvez dar um alô pro paizão, afinal ele é o patrão! Feito isso, precisa ver com qual das cocotas vai sair essa noite. Ou podia fazer o mesmo da semana passada, sair com duas juntas. Você é casado? Aposto que chega cansado, esgotado e ainda por cima acaba sendo mal amado? É uma pena, se você fosse esperto, faria como Chiquito.
Chega aquele momento de indecisão: terminar o relatório mensal, participar da reunião departamental ou pedir ajuda para seu chefe, aquele animal? As escolhas são essas, pois o horário do almoço não te pertence e isso você pode fazer outra hora, ou outro dia. Já o nosso amigo Chiquito tem sua parcela de incertezas também. Sempre que chega ao restaurante do Lee, não sabe se pede um sushi com sashimi aqui, um temaki e uramaki ali, um hossomaki aqui e ali. Entre uma coisa e outra toma uns comprimidos. Três azuis, três vermelhos, três amarelos e três pretos... Sim o preto ‘sei lá’, que dá um troço irado, ou vice e versa. Tanto faz.
A volta do trabalho é sempre pior, é sempre mais longa e é incrível como sempre chove. Justo hoje que a previsão afirmou que não ia chover. Mas Chiquito não precisa de guarda-chuvas, seu apartamento duplex tem portão automático. É o que eu venho dizendo sempre... Esse Chiquito é esperto pra caralho!
E quando o dia está se aproximando do fim, você tomou seu banho e se acomodou na cama para deitar e se prepara para o dia seguinte, Chiquito usou mais 45 minutos para arrumar o topete e se preparar. A noite é uma criança e a balada só vai começar. Decidiu sair com a estagiária dessa vez, pois Chiquito tem certeza de que os peitos dela são maiores do que os da secretária do pai. Mas que diferença isso faz, amanhã ele pode comprovar com as duas juntas.
Você não consegue dormir, as contas roubam o seu sono. Por outro lado, na balada o Chiquito acabou de colocar três caras para dormir. Um soco aqui, uma cotovelada ali e uns chutes aqui e ali. Entre uma coisa e outra arruma o cabelo e pisca para a gatinha que está impressionada com a sua força. Chiquito vai pegar mais uma.
Amanhã, sua vida vai ser exatamente igual ou pior do que a vida que teve hoje. Mas para Chiquito, não vai ser pior, vai ser melhor ainda; amanhã vai tomar 4 pretos. O preto é o mais irado, chega a dar um troço do tipo... ‘sei lá’!
Não sei você, mas quando crescer, eu quero ser que nem o Chiquito! Cara esperto pra caralho!

quinta-feira, setembro 01, 2011

Eternidade


Alcançar o amor é fácil, o difícil é mantê-lo. O comodismo e a preguiça deixam-no morrer de fome, e depois se arrependem numa morbidez pessimista. Tem gente que acredita na eternidade sem o tempo.


Tique taque,
Passam-se as horas
Bem na nossa frente
Mas a gente não vê.

Oras,
O que é um grão de areia na praia?
Uma gota d´água pra chuva?
Uma centelha da chama?
Ou um “eu te amo” na cama?

Um segundo não é nada,
Se uma hora for marcada,
Mas é primeiro!
Senão a hora não se faz por inteiro.

Um giro pro cata-vento?
Pro sonhador, uma miragem?
E para a janela do trem,
O que é uma paisagem?

Assim é a eternidade sem o tempo.
O cata-vento sem rodar.
O trem sem viajar,
E a chama sem brilhar.
Assim é a eternidade,
Uma sequência de fotos que formam o filme,
Que dão movimento.
De versos que dão a rima, o ritmo,
E o sentimento.
De carinhos que compõem o amor
De gestos que constroem amizades
Trocados fazem a cumplicidade.

E mútuos,
Alimentam-se,
Para sempre.
Pois a eternidade não é uma,
Senão várias!