terça-feira, novembro 30, 2010

Orfanato da Rua Wikkyborn

* Antes de iniciar a leitura, recomendo que leia o texto do link abaixo. Não vai se arrepender, eu garanto.
http://ilusionistasdoverbo.blogspot.com/2010/04/o-bizarro-acontecimento-na-rua.html


Orfanato da Rua Wikkyborn
Algumas crianças têm o privilégio de viver a infância ao lado dos pais e do conforto do próprio lar. Eu não tive essa sorte e minha infância aconteceu enquanto eu morava em um orfanato na famosa Rua Wikkyborn.
As crianças eram tratadas com severidade e qualquer desrespeito ou mau comportamento era duramente repreendido. Porém, éramos crianças e era inevitável que ficássemos longe dos problemas, eles vinham até nós.
Quando algum garoto era pego fazendo algo de errado, ele levava broncas, às vezes palmatórias e por fim, passava parte do dia sem comer, trancado na sala de castigo.
A sala de castigo era temida, pois era o lugar mais estranho do orfanato. Havia algumas cadeiras de madeira e nenhum outro móvel. Não havia janelas e a única distração era observar um estranho quadro com um palhaço nada amistoso. Por ser o único adorno da sala, todas as crianças falavam do palhaço. Umas diziam que ele era assombrado, outras diziam que ele estava lá para nos observar e nos botar na linha, enfim, todas tinham uma coisa em comum em relação ao palhaço – medo.
Confesso que fui para aquela sala mais de uma vez. E confesso que a cada vez que entrei lá, tive a sensação de que o palhaço estava com suas feições mais duras e fechadas do que da última vez.
Certo dia, uma briga fez com que sete garotos fossem mandados para a sala do castigo, e eu era um deles. Ao entrarmos lá, ocupamos uma cadeira e começamos a falar do palhaço e da suspeita de que ele estava cada dia mais zangado. De fato estava.
Em um momento de distração, notamos que o olhar do palhaço estava inflamado e seu rosto tristonho havia se transformado em um sorriso vingativo de arrepiar os cabelos. Levantamos das cadeiras assustados, começamos a gritar por socorro, mas a porta estava trancada. Foi inocência nossa dar as costas para o temido quadro, ao olharmos de volta, nos demos conta de que a moldura estava vazia, e o palhaço estava de pé, diante de nós.
Os gritos foram substituídos por lágrimas, as quais foram inúteis. O palhaço pegou um garoto por vez. Uns foram mordidos na garganta e seus corpos largados no chão com convulsões e espasmos que antecederam a morte. Outros tiveram alguns membros quebrados antes de serem asfixiados pelas mãos cobertas por luvas. Enquanto o palhaço, com garras as quais eu não imaginei que existiam, dilacerava o penúltimo garoto, eu ajoelhei no chão implorando pelo seu perdão. Disse a ele que faria qualquer coisa que ele quisesse. Prometi nunca mais ofendê-lo. Após largar o garoto no chão com parte de suas entranhas para fora, ele se aproximou de mim com o sorriso desumano e olhos predatórios. Tive o corpo erguido do chão por uma única mão do palhaço e em seguida com a outra ele fez sinal de silêncio. Senti a força de sua mão apertando minha garganta a ponto do ar não mais chegar aos pulmões. Antes de perder a consciência, pude ouvir sua voz entrando em minha mente. Ele dizia que pouparia minha vida caso eu demonstrasse maior respeito aos quadros. Disse que eu deveria adornar minha casa com o maior número de quadros que fossem possíveis, tornando-me o maior colecionador do mundo. E foi ouvindo essas palavras que perdi a consciência.
Sou o Lorde Dorian Gray e fui considerado o maior colecionador de quadros do mundo. Aprendi a gostar e a respeitar os quadros a ponto de desejar que meu próximo quadro seja um auto-retrato.

quinta-feira, novembro 25, 2010

País das Maravilhas

Sinceramente, não sei de onde surgem as pessoas! Num momento você está abstraído no seu canto, ouvindo sua musiquinha no fone de ouvido, e no seguinte, aparece alguém que parece ter saído daqueles livros de fantasia estranhos. Ainda mais em ônibus. Acho que esses veículos abrem um portal com outro mundo quando chegam a certa velocidade transportando certa quantidade de massa. Mas isso é problema da física, o meu é como um ônibus pode se transformar num país das maravilhas ambulante!

Faltava pouco para a porta fechar, mas o motorista foi iluminado de esperar um segundo para que aquele personagem entrasse, trazendo consigo seus 3 filhos. E que personagem, por pouco não preenchia duas poltronas. Um de seus filhos vinha no colo, era uma menininha de poucos meses, que olhava tudo com seus olhinhos lindos esbugalhados. Já os outros dois, gêmeos e deviam ter seus cinco anos. Duas pestes. Sentaram-se à minha frente, pois uma senhora deu seu lugar para que eles sentassem. Um dos garotos ficou de pé, de frente para eles.

Até aí você pode estar pensando, “Mas e daí? Cadê a graça? Isso eu vejo todos os dias, e coisas bem piores!” Tudo bem, você tem razão, e talvez você nem notasse isso acontecendo milhões de vezes a sua volta todos os dias.

Acontece, que, geralmente,as crianças se comportam dentro de um ônibus. As crianças brincam, quando se tem lugar pra brincar, mas aquelas se superaram. Era mola maluca pra todo lado, corriam pelo corredor e discutiam fantasias heróicas na escola.

Seis da tarde, crianças correndo e gritando. Pensou que só veria em sua casa isso? Sim, era em pleno ônibus em movimento. Por um momento pensei que iria cair num buraco perseguindo um coelho branco. Mas algo me despertou pra realidade: uma bolha de sabão. Quando abri meus olhos, ela, uma enorme bolha colorida flutuava em frente ao meu rosto, até que estourou.

Você sabe o que é uma bolha de sabão, mas acho que quando se está num ônibus, a pressa de chegar faz a gente esquecer tudo que a gente sabe. Quando dei por mim, estávamos viajando pela cidade com o ônibus colorido de bolhas. E a garotinha no colo da mãe erguia os braços pra tentar pegá-las.

Um riso infantil brotou de minha alma crescida, e não consegui o segurar, ri francamente, e isso contagiou quem estava em volta, todos riam, davam gargalhadas e entravam na fantasia. Aquele garoto enchia suas bolhas de ar inocente, e isso nos fazia esquecer as preocupações cotidianas. Até o motorista sorria pelo retrovisor, mesmo eles, que já viram tudo na vida.

Só sei que quando eles desceram, perdeu-se a graça, e voltamos à realidade, como que acordados de um sonho mágico. Só fiquei imaginando depois, que num lugar tão cinza, o colorido faz tanta diferença!

terça-feira, novembro 23, 2010

Instinto

Faz parte da sua raça seguir os instintos. Por mais inteligente que possa ser, parte de suas ações são feitas por puro impulso. Não existe ninguém soprando em seus ouvidos o que deve ser feito. Ela sabe o que fazer; apenas não se sabe o porquê disso.
Depois de feito, ela sente. Não através de alguns de seus apurados sentidos, mas através da sua alma. Ela sabe que deu certo e o que deve fazer em seguida.
A partir disso, infeliz será aquele que cruzar o seu caminho. Seja sua caça, seja semelhante ou até mesmo, um predador. Não há inimigo capaz de lhe fazer algum mal, pois ela tem uma missão a cumprir e não permitirá que nenhuma outra espécie a coloque em risco. Lutará com suas unhas e dentes, até eliminar os seus adversários.
O tempo passa e ela carrega esse fardo, que ganha força aos poucos. Sua vida passa a não ter mais importância. Mas mesmo com parte dos movimentos restritos devido ao enorme volume em seu ventre, ela continua mortal. Tomando a vida daquele que ameaçar o que há de mais precioso.
Mais algumas semanas se passam e ela ocupa o seu dia preparando o local ideal. Protegido de predadores, quente e confortável. O lugar perfeito. E no momento perfeito, pois a hora se aproxima.
Não pense em um mar de filhotes, e nem mesmo em uma ninhada de diversos herdeiros. Quando falamos dela, estamos falando de uma única cria. Um animal que será forte e mortal, assim como sua progenitora. O ovo foi botado e em poucos instantes estará eclodindo.
A força e a fúria da raça foi passada para a nova geração, que facilmente destrói a dura casca com seus afiados dentes. A carinhosa mãe observa sem esboçar nenhuma ajuda. Apenas admira sua cria.
Ao sair do ovo, a mãe aproxima o focinho para cheirar. Usa a língua para limpar, mas ao fazer isso recebe uma ousada mordida. Seus olhos se estreitam e ela se afasta por alguns instantes. Ela observa a ousadia de seu filhote ao atacá-la e no instante seguinte, sem hesitar, abocanha o recém nascido. Parte seus frágeis ossos e engole a massa de carne de uma só vez.
Ela não fez por mal, apenas agiu por instinto.

sábado, novembro 20, 2010

Orações

Orações
É como escrever nas pedras...
Esperando que as águas nunca venham com muita força...
Sonhando que as letras durem o tempo de uma vida inteira com você...
Mas eu me cansei de forçar a ordem natural das coisas...
Comprei um licor de chocolate e vou viver a insônia esperando que algo aconteça...

Bom ou ruim, nada pode ser pior que este nada à sombra de tudo...
O vazio ecoa a saudade dos tempos em que éramos só sonho e hoje, o pó...

Resto de um passado mal conjugado,
Em orações formadas por verbos imperfeitos...
Orações sem fé, terminadas com substantivos abstratos e reticências...

Jogo pelo chão toda nossa estrada sem voltas.
Passagens, idas e vindas, morte de planos sem sorte.
Em toda raiz, meu nome junto ao teu.
Orações com fé, finais pontuados depois da palavra saudade...

Sinais, pegadas...
Passos que não me levam a lugar algum...
E aqui, ainda, esta esperança pesada...

quinta-feira, novembro 18, 2010

Incorpóreo

No pé da janela,
A mão sobe a xícara de café.
Quero ficar acordado essa tarde.
À olhar os vagantes lá em baixo
Nesse calçadão cinza
Embaixo de um céu ainda mais dessa cor.

Fico a pensar nesse frio. Agasalhado.
Porque será estou aqui,
E eles lá a vagar com seus guarda-chuvas.
Formas coloridas colorindo as ruas.
Um olhar a vagar de corpo em corpo,
Adivinhando desejos, passados e pensamentos.
Um observador imaterial.

Poderia eu ser um deles,
Esquecendo-me tanto assim de mim,
Que deixo meu corpo
Para minha alma vagar nesse ar gelado
Sem sentir frio.

Sim,
O observador não existe a olho nu.
O olhar é a captura do imaginário para o imaginário
Tornando o irreal, palpável menos ainda.
Poderia eu ser um deles,
Ou eles serem meus personagens:
Fazer o que fazem, nos meus papéis.

Poderiam eles ser um eu?
Se de fato, existem,
Não apenas em minha cabeça...
Penso, penso... logo existo.
Será que os outros existem para mim enquanto penso?
Poderiam ser partes de mim
Se não fossem apenas:
Eles?

Mas por enquanto,
Sou apenas uma mosca,
Incorpórea, aérea, etérea,
Vagueando vidas alheias
E sorvendo minha cafeína.
Enquanto vivo a vida de outros.

terça-feira, novembro 16, 2010

Morro de rir

Você pode ter a melhor visão do mundo, mas mesmo assim você não seria capaz de ver como vejo. Não importa se está claro, escuro, seco ou molhado. Vejo cores, sombras e vejo o calor do seu corpo. Não há como se esconder.
Talvez tenha trabalhado como apreciador de vinho, sendo capaz de distinguir pelo olfato o local, ano e tipo de safra. Por mais que esse sentido seja treinado, ele não será como o meu, capaz de sentir o cheiro salgado do suor que escorre da sua testa, mesmo estando a quilômetros de distância.
Não tente correr, fugir ou me despistar. Você pode conhecer as ruas, a selva, o deserto ou o mar. Mas não seria o suficiente para conseguir escapar de mim, eu serei mais rápido de qualquer forma.
Já vi você brigando e tenho que reconhecer que é um ótimo lutador, mas toda a sua habilidade não ajudaria em nada. Você não seria capaz de permanecer em pé por muito tempo.
Talvez você seja o modelo de um ser humano. Aquela obra prima criada por Deus, capaz de superar qualquer outro semelhante em todos os quesitos. Você continuaria sendo qualquer um. Além disso, sua fé não pode me comover.
Confesso que uma coisa você foi capaz de fazer comigo. Você me fez rir, ou melhor, gargalhar. Eu admito que me mato de rir ao imaginar o que você faria com sua visão, olfato, velocidade, força, habilidade, coragem e com sua fé, quando a coisa mais importante que vai tentar fazer é segurar suas tripas que estarão caindo de sua barriga. Vai ser hilário!

sexta-feira, novembro 12, 2010

Um Minuto em Desencanto

Pelas estradas, chuva forte...
Vento santo, gira o mundo, girassol.
Sementes de sonhos.
Se mente em sonhos...

Medidas exatas,
Destinos concretos.
As dúvidas e as sombras no equilíbrio bambo das pernas cansadas.

Nem fato.
Nem ato.
A solúvel fé que adoça o desespero do impossível.

Me farto.
Me ardo.
Quase me mato.

Medidas mentiras sinceras...
Gira o Sol, gira o mundo.
Vento canta o desencanto.

Céu em estrelas folgadas.
Acordadas a espera de desejos mornos.
Nem cadente, nem mágicas.
Parecem cansadas...

Sementes, estradas, girassóis.
Rodopiam meus sons,
Me roubam as fadas.
Dorme em dia o meu Sol.

Desencanto mudo deste mundo sem cor.

O resgate vale menos que minha dor.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Inverno e Queda




Sinceridade se paga!
O sincero se apaga
Meio a mentira
De uma mente hipócrita
Afaga!
Porque o silêncio é mortal
Dizer a verdade
E ouvir o nada
É desigual!

Quero o que tem,
Tenho o que dôo.
Se já não sou mais tua meta
Passa reto!
Discretamente!
Porque falta de respeito
Eu não Perdôo!

Tenho esperança
Dou-lhe dez chances
E quantas mais precisar
Porque sei que é humano
Que aqui se erra e aqui se aprende
Se engana e arrepende
O que importa é tentar

Estarei aqui
Mas não para sempre
Meu coração não finda,
Mas minha vida se gasta, ainda
Se houver retorno
Mesmo que morno
O inverno haverá de passar.


[Ilustração por Edson Godinho]

terça-feira, novembro 09, 2010

Nossa estante

Seus olhos... gentis. De uma forma da qual eu não me lembro de ter visto antes. Não posso dizer se são expressivos, porém são capazes de transmitir uma sensação de bondade e serenidade que viaja milhares de quilômetros e me confortam. Não me canso de olhar para eles.
Não posso dizer se seu riso é contagiante, mas o seu sorriso traz uma beleza peculiar. Capaz de confundir o sorriso de uma garota com o de uma mulher. Mas mais importante que seu sorriso, são as palavras que saem de sua boca. Não que eu já as tenha ouvido, mas consigo senti-las através de tudo que sei sobre você. Educação, simplicidade e um carinho em cada gesto seu.
Impressionam, cativam, desnorteiam.
Um conjunto físico encantador, mas que fica ofuscado por aquela beleza que não vemos em uma foto. Dona de uma beleza que está extinta num ser humano, extinta em todos os lugares que vejo e por isso, fui encontrá-la em terras tão distantes. Mas não longe o bastante para deixar de ser real.
A distância que existe entre nós pode ser vencida por um braço estendido. Foi assim que nos conhecemos. Organizávamos nossas estantes, por título, autor ou por gosto - tanto faz. Foi quando nossos dedos se tocaram e nosso olhar se cruzou. O silêncio perdeu sua vez e uma sugestão de leitura foi pedida, dada e lida.
Não precisamos falar do livro, pois ele está lá. Agora não só na minha, mas na sua estante também. Nossas mãos ainda se tocam, assim como nossos olhares continuam se cruzando. O silêncio jamais retornou. Mas uma coisa ainda me deixa inquieto... Seu sorriso. Mas não aquele que vi nas fotos, aquele que sinto em suas palavras; aquele que sinto através de você. Esse sorriso me encantou e foi por isso que o coloquei em minha estante.
Dedicado a Kerlynha!

quinta-feira, novembro 04, 2010

Ao Dizer que Ama

Ao dizer que ama...

Ao dizer que ama, não importa se diz para um amigo, um parente ou namorado... É preciso conscientizar que, as pessoas não são segundo a nossa vontade.

Cada um é à sua maneira.

Por mais que a tentativa de agir conforme nossas vontades prevaleça. Por mais que queiram agradar e fazer feliz, um dia a pessoa que você disse que ama, vai errar. E quem não erra? Você? – Impossível.

Por mais que seja construído um sólido currículo de bons antecedentes, de excelentes ações, chega o dia que a gente não atende às expectativas e “plaft”. Para onde vai o amor?

Ao dizer que ama, tenha a certeza plena que o amor compreende. Que o amor perdoa. Que o amor é benevolente e paciente. E, segundo palavras da bíblia, “Não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal.
Não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Ao dizer que ama, tenha consciência de que quem recebeu a palavra, pode te amar também. E que se ama mesmo, vai saber o real valor dos teus atos, mesmo que eles não correspondam às expectativas.

Entre

O ônibus não existe...
É um entre A e B físicos,
Simbólicos, estáticos.
Um "entre" mutante
Que se move no tempo-espaço.

Um cenário que passa
Que é, que era.
Deixa de ser.
Um passageiro que entra
Não é o mesmo que sai.
O tempo muda as pessoas
O espaço muda as pessoas
Mudam os passageiros

Mas o que fica de um meio?
O que fica entre A e B
que não seja o espaço?
Um vazio? O vácuo?
Ficam as linhas lidas
De um livro qualquer?
Uma ficção maior que esta em volta?
Ou ficam as pessoas?
Que ficam cada uma em seu ponto final.
Um sinal, uma placa, um traçado?
Outdoor, uma curva ou cruzamento?
Ou a lembrança de um lugar
Passado.
Agora,
Passou.

terça-feira, novembro 02, 2010

Aqueles olhos

"Saio de casa,
o tempo está neutro.
Olho para o céu,
não vejo estrelas.

Ouço ruidos,
ouço vozes,
Minha mente está cheia.
Minha mente está vazia.

Em nada penso,
em tudo penso.
Não sei no que penso.
Eu penso?

Minutos, viraram horas.
Horas, viraram segundos.
Não medi o tempo.
O tempo passou?

Vejo um sorriso.
Vejo um rosto,
já conhecido.
Mas ainda desconhecido.

Eu estava inseguro,
estava ancioso.

Aqueles olhos,
me perseguiram.
Ou será que me seguiram?
Ou então, nem me viram?

Eles estavam lá,
me olhando.
Observando.
Estudando.

Não sei como,
mas me senti seguro.
Fiquei bem.
Estava em casa.

O tempo passou.
Passou?
Mas foi como
se estivesse parado.

Voltei para casa.
E sorri.
Um rosto novo,
eu conheci.

Mas fico pensando
naqueles olhos.
Eles me olharam.
Mas será que me notaram?"