sexta-feira, julho 30, 2010

Encena Ação

Em prece, face esquece.
Em silêncio minha, tua flor.
Atenta aos teus passos, enfim...
Em mim... Criação, “Cria dor”.

Encena, acena, em cena.
Palavras soltas,
Letras tuas tão minhas.
Tão minhas cenas tuas.

Gastos os gostos em saltos de tempo.
Gestos intentos em busca de santos.
Santos olhares atentos, intentos...
Luzes teus cantos em busca de mim.

Olhos distantes que seguem sem sono.
Em segredos as saudades...
E no palco, repetidas cenas de preces...
Que volte, que fique, se entregue.
Pequenas cenas, repetidas preces.
Que volte, que fique, que sejam duas almas, uma.

Em cena, ação.
Encenação.
De coração, amor.

quarta-feira, julho 28, 2010

Psicopatia Verbal

Insanidades
Rotulam meu escrever
Psicopata... Dizem
Sim
Talvez o seja
Torturo as teclas
Entorto a tela
Vejo tinta e papel
Séculos retornam
Psicose
Compulsão
Insana idade
De nada vale
Experiência aqui?
Não
Insanidades...
Psicopata do verbo
Destroços e ruínas
Sentimento patético
O Sangue coagula
Alguém há de escrever
É lindo falar do lindo
E do feio, pois
Insano? Eu?
Apenas escrevo
Não possuo
Posse. Errata. Pose
Anjos falsos
Demônio em versos
Sim
Eu sou

terça-feira, julho 27, 2010

Diferença entre nós

Eu poderia intervir, alterar o curso das coisas e dizer aquilo que eles deveriam fazer. Poder para isso, não me falta. Pra ser sincero, eu tenho até de sobra. Mas não é esse o meu papel; eu devo apenas observá-los e defendê-los de um eventual ataque.
Por outro lado, meu coração se parte. A luz do meu corpo fica opaca por presenciar gestos e atitudes como essa sem fazer nada para mudá-los. Não consigo permitir isso, preciso salvá-los.
Sangue, ódio, ingratidão. Se me der um minuto, eu o completo com outros exemplos. Mas se me der a eternidade, não será demasiado tempo para dar mais exemplos, pois eles estão repletos de sentimentos que apodrecem a própria alma e enfraquecem a luz de meus olhos.
O fio da minha espada já não corta os demônios com tanta facilidade, assim como a cicatrização dos meus ferimentos já não é tão rápida como antigamente. A fé acabou.
Eu tenho o poder para interferir. Posso soprar-lhes algumas palavras as quais ajudariam a colocá-los nos eixos novamente. Eu poderia salvar os humanos da destruição. Mas se assim eu o fizer, estarei deixando de fazer aquilo que devo... E essa é a diferença que existe entre nós. Essa é a diferença entre os homens e os anjos.

sexta-feira, julho 23, 2010

Toca

Vaga, mente, sinto, sente.

Teus olhos a me despir

Em meu pescoço, teus dentes.

Boca, muda, quente, beija.

Meus lábios santos, encantos,

Sentindo teu gosto canto a canto.

Sopra, vento, toca, pele, encosta.

Respire, suspire, acelere o ritmo, toque.

E toca... se toca... me encosta...

Mais uma, mais duas, mais três, mais ...

quarta-feira, julho 21, 2010

Sua Dor

É fria a sua dor
Faca feita de gelo
Me parte em dois
metade quer te amparar
metade quer beber suas lágrimas

É fria a sua imagem
Quadro feito de chuva
Me entorna, escorre minhas tintas
algumas cores querem te alegrar
outras querem absorver sua melancolia

É frio o seu lamento
Pote feito de ventania
Me esfria, me sopra o medo de te perder
tem cacos afiados pra cortar sua tristeza
e outros pra cortar minhas veias

É frio o seu sono
Música feita de preces silenciosas
Me ensurdece com a falta da sua voz
tem notas que querem te tocar
e outras que me impedem

É fria a sua tristeza
Poesia escrita sem motivos
Me rasga em pedaços diminutos
tem trechos que querem te exaltar
e outros que temem por terminar

É fria...
Mas eu estou aqui
É só chamar...

terça-feira, julho 20, 2010

Um pedaço de mim

Já trabalhei no açougue
e também já fui barbeiro.
Foram ótimas profissões.
Melhor do que ser pedreiro.

Não gostei de ser flanelinha,
Ou então policial.
Meu negócio foi ser cozinheiro,
profissão que não tem igual.

Confesso que não gostei
de ser professor.
Eu gostava de cortar cana,
e também de ser lenhador.

Seja com faca, machado ou punhal.
Esquartejei velho, criança e marginal.

O sangue espirra na roupa,
A carne é vencida pelo fio do corte.
Só falta uma lâmina para usar:
a foice da dona morte.

Não me venha com arma, pistola ou metralhadora.
Não existe sensação melhor, do matar com uma tesoura.

Sou um colecionador,
que admira uma lâmina cortante.
Minhas armas estão expostas,
No alto da minha estante.

Traga um pedaço de carne.
Escolha a arma que devo usar.
Só não instigue a minha vontade,
de querer te matar.

sexta-feira, julho 16, 2010

Chorei

Chorei para sensibilizar minha ira.
Para não gastar poemas em reclamações.

Chorei porque as lágrimas me dão o gosto.
Não por viver nenhum desgosto.

Chorei porque preferi ficar ao partir.
A porta está sempre aberta. Pode sair.

Dei à noite as lágrimas que lavam melancolia.

Chorei porque ainda posso chorar sozinha.
Chorei porque amanhã é dia.
E renasço com o Sol.

E assim, vivo a fé, hipocrisia.

quarta-feira, julho 14, 2010

Se eu me inspirar em você...

Sim, foi o que eu disse...
Se eu me inspirar em você, sai poema

Daqueles assim, sem compromisso com rimas
Sem contagem de versos ou estrofes
Com palavras soltas, nem sempre fazendo sentido
De verbos corridos, conjugados em papel colorido

Se eu me inspirar em você, sai poesia
Daquelas assim, falando de tudo, ou de nada
De sentimentos falados, de forma velada

Veja... Viu acima?
Não tem regras nem sequência
Só amor e inconsequência, querência...
É brincadeira de coisa séria
De beijo desenhado...
De sonho sonhado acordado

E continua sem forma a poesia
Sem enrendo nem fantasia
Uma rima aqui, outra acolá
Mas nem sempre, que é pra não cansar

E continua você, a me inspirar
Nas letras, nos sonhos e nas noites
Nos tempos que ainda virão...
Ah, azuis...

Se eu me inspirar em você...
Pinto o mundo com o azul do seu olhar
Escrevo nos muros, o seu jeito de sonhar
Planto folhas brancas para ler o seu criar...

Se eu me inspirar em você...
Ahhh....

* Dedicado a Celly Borges

terça-feira, julho 13, 2010

Feliz aniversário

"Você me amou,
antes mesmo de me conhecer.
E você me alimentou,
sem nunca me ver.

Eu te reconheci,
antes mesmo de enxergar.
Bastava apenas o seu cheiro,
para me acalmar.

Noites em claro,
fiz você passar.
E com apenas um ruído,
pra eu te acordar.

Não sentia fome,
e não sentia frio.
O que eu sentia
era saudades!!!

Brinquedos e presentes,
fiz você me dar.
Não aguardava nem pela data,
parecia não me importar.

Mas no fundo eu sabia,
e queria disfarçar.
Eu não queria brinquedos,
apenas queria te abraçar.

O tempo passou,
e continuei dando problemas.
Brigamos e discutimos,
mas tudo faz parte do esquema.

Hoje sou quase independete.
Tornei-me aquilo que me ensinou.
Já os meus defeitos,
esses não foi você quem me mostrou!

Foram muitos anos,
que você se dedicou a mim.
Agradeço sempre a Deus,
por ter ficado assim.

Carrego sua força,
e a sua determinação.
Aprendi isso
na primeira batida do meu coração.

Tudo que sou,
eu devo a você.
Mas ainda há muito
para se aprender.

Nessa data, quero te agradecer
por tudo que fez por mim.
E é graças a melhor mãe do mundo,
que eu sou assim!

Como você... sempre como você!"

sexta-feira, julho 09, 2010

Intensitè

Mas se o amanhã surgir,
Te tenho aqui, bem ontem.

Porque aprendi a ser passado, presente e futuro...
Contando com a incerteza de que nossos se cruzariam.

Sou um jogo de palavras,
Entre tempos e espaços criados.

A vida em prece, em passos, em pressa.
A vida em códigos, cifras de saudades e enigmas decifrados.

Mas... se o amanhã surgir...
Sou presente, teu passado, nosso futuro.

terça-feira, julho 06, 2010

O mar

O menino de cinco anos escavava a areia há meia hora com suas mãos pequeninas enquanto seu pai lia um jornal sentado numa cadeira de plástico logo há uns dez metros do lado direito.
Filipe afundava seus dedos com força, a areia ficava cada vez mais dura. Queria fazer um lugar para que pudesse "construir" uma lagoa para os barquinhos de papel que seu papai faria.
Em dado momento suas unhas doeram. Era uma pedra com certeza. Ele voltou a enterrar seus dedos para retirá-la de seu caminho. Dessa vez suas unhas voltaram sujas de um vermelho vivo, ele já tinha visto isso antes. Filipe foi tirando a areia com mais cuidado para conseguir ao menos ver o que era aquilo. Primeiro viu algo que lembrava a ponta de um nariz e logo um nariz completo. Em instantes identificou um lábio superior, dentes superiores e não tardou para reconhecer o rosto de uma pessoa morta!
Era novo demais para notar que o sangue ainda estava fresco. O garoto se limitou a gritar e correr, mas para o lado oposto de onde estava o seu pai. No estado que estava, não conseguiu perceber esse detalhe, apenas correu. Limitando-se a olhar sobre o ombro para garantir de que o defunto não levantaria para correr atrás dele.
Pensou que correria em direção ao seu pai, mas estava se afastando cada vez mais. A corrida só foi interrompida quando trombou violentamente com alguém. 'Papai' - pensou.
- Quem é você? - Perguntou assustado ao outro garoto.
- Meu nome é Arthur, e quem é você?
- Filipe. Por que estava correndo?
O garoto abaixou a cabeça, e não quis dizer. Mas Filipe notou as mãos do outro garoto. Havia sangue nelas e sem dizer uma só palavra ele mostrou as suas.
- Você também encontrou um morto? - perguntou Arthur
- Sim! Estou com medo.
- Eu também.
- Vamos falar com meu pai? Ele vai nos ajudar.
Os dois garotos correram em direção ao guarda sol em que o pai de Filipe estava. Porém, ao chegarem lá notaram que ele não estava mais sentado na cadeira. Apenas o jornal aberto.
Arthur arregalou os olhos e os dois garotos chegaram à mesma conclusão. Retiraram a cadeira do lugar e puseram-se a cavar rapidamente. Logo a areia não estava mais fofa e seus dedos sentiram algo. Não demorou muito para encontrarem uma orelha. Continuaram cavando em volta, em busca do rosto. O rosto que Filipe rezava para não ser o deu seu pai. E não era.
Arthur puxou Filipe para a direita e após terem andado uns quatro metros, começaram a cavar novamente. Para a surpresa de ambos, acharam um pé. O pavor não mais corria em seus corpos, o que corria era a curiosidade e a intriga que nascia dentro deles.
A busca continuou por toda praia, e quando suas mãos já latejavam de tanto cavar, eles perceberam que não estavam na praia. Estavam em um mar, em um mar de corpos.