quinta-feira, novembro 25, 2010

País das Maravilhas

Sinceramente, não sei de onde surgem as pessoas! Num momento você está abstraído no seu canto, ouvindo sua musiquinha no fone de ouvido, e no seguinte, aparece alguém que parece ter saído daqueles livros de fantasia estranhos. Ainda mais em ônibus. Acho que esses veículos abrem um portal com outro mundo quando chegam a certa velocidade transportando certa quantidade de massa. Mas isso é problema da física, o meu é como um ônibus pode se transformar num país das maravilhas ambulante!

Faltava pouco para a porta fechar, mas o motorista foi iluminado de esperar um segundo para que aquele personagem entrasse, trazendo consigo seus 3 filhos. E que personagem, por pouco não preenchia duas poltronas. Um de seus filhos vinha no colo, era uma menininha de poucos meses, que olhava tudo com seus olhinhos lindos esbugalhados. Já os outros dois, gêmeos e deviam ter seus cinco anos. Duas pestes. Sentaram-se à minha frente, pois uma senhora deu seu lugar para que eles sentassem. Um dos garotos ficou de pé, de frente para eles.

Até aí você pode estar pensando, “Mas e daí? Cadê a graça? Isso eu vejo todos os dias, e coisas bem piores!” Tudo bem, você tem razão, e talvez você nem notasse isso acontecendo milhões de vezes a sua volta todos os dias.

Acontece, que, geralmente,as crianças se comportam dentro de um ônibus. As crianças brincam, quando se tem lugar pra brincar, mas aquelas se superaram. Era mola maluca pra todo lado, corriam pelo corredor e discutiam fantasias heróicas na escola.

Seis da tarde, crianças correndo e gritando. Pensou que só veria em sua casa isso? Sim, era em pleno ônibus em movimento. Por um momento pensei que iria cair num buraco perseguindo um coelho branco. Mas algo me despertou pra realidade: uma bolha de sabão. Quando abri meus olhos, ela, uma enorme bolha colorida flutuava em frente ao meu rosto, até que estourou.

Você sabe o que é uma bolha de sabão, mas acho que quando se está num ônibus, a pressa de chegar faz a gente esquecer tudo que a gente sabe. Quando dei por mim, estávamos viajando pela cidade com o ônibus colorido de bolhas. E a garotinha no colo da mãe erguia os braços pra tentar pegá-las.

Um riso infantil brotou de minha alma crescida, e não consegui o segurar, ri francamente, e isso contagiou quem estava em volta, todos riam, davam gargalhadas e entravam na fantasia. Aquele garoto enchia suas bolhas de ar inocente, e isso nos fazia esquecer as preocupações cotidianas. Até o motorista sorria pelo retrovisor, mesmo eles, que já viram tudo na vida.

Só sei que quando eles desceram, perdeu-se a graça, e voltamos à realidade, como que acordados de um sonho mágico. Só fiquei imaginando depois, que num lugar tão cinza, o colorido faz tanta diferença!

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