quarta-feira, agosto 18, 2010

Não é nada demais...

O vento gelado no rosto te surpreende com um misto de sensações. É um tapa do frio ou um carinho da solidão? É o vento o único que te compreende em meio a multidão da Av. Paulista. A noite pintando os tons escuros em contraste com as luzes da cidade que te acolhe/recolhe. É só um passeio, uma pequena estadia e você não sabe ainda se tem saudade da sua casa, ou se prefere se misturar nas fachadas de concreto e vento.

Os olhos ardem, marejados, mergulhados em seus fracassos e sedentos por noites melhores.

Os olhos ardem apenas pelo vento e nada mais...

Você consegue ouvir seus próprios passos se destacando na marcha. Músicas distintas num descompasso harmonioso. É a partitura escrita por São Paulo. Tocada pelo charme da Paulista, cuspida pelas saídas do metrô. Cospem seres... Humanos ou não. Seus olhos fotografando segundos. Cabelos, roupas e tribos.

Os olhos fotografam e nada mais...

A vontade de ficar parado e deixar o vento congelar suas lágrimas antes que elas saiam. Congelar as vontades antes que nasçam. Evitar as decepções, personagens principais da sua própria avenida... Paulista ou Afonso Pena...

Os pés caminham e nada mais...

2 comentários:

  1. Senti o vento em meu rosto ao caminhar por essa Paulista nas minhas divagações. Meus olhos ainda ardem do vento da Raja que acabei de descer... e vão ficar muito tempo com essa sensação por essa descrição tão linda. Parabéns!!! Te adoro!

    ResponderExcluir
  2. Muito bom, Marcelão!
    Sinto que esse texto, não foi apenas uma criação da cabeça audaciosa do escritor, mas sim, detalhes daquilo que alguém passou ao andar pela Paulista!

    Seja sempre bem vindo!
    Abraço!

    ResponderExcluir