terça-feira, outubro 12, 2010

Meu medo

Aquela perturbação e inquietação são nítidas aos olhos, nossas mãos tremem e na desesperada tentativa de ocultar o que acontece conosco, buscamos algo para nos apoiar, ou então, espalmamos a mão sobre a mesa ou sobre a perna.
A garganta seca dando início a tudo, sendo logo seguida pela boca e lábios. A saliva desaparece de nosso corpo e nos perguntamos para onde ela teria ido. Eu sei; para nossas axilas, palmas das mãos e às vezes para nossa nuca e pescoço. Suamos frio, sentimos o calafrio, sentimos o sangue gelar e parar de circular em nosso corpo. Mas isso seria contraditório, pois meu coração bate mais forte do que nunca, como se fosse explodir ou saltar pela garganta.
Nossos olhos, apesar de estar esbugalhados, pouco conseguem ver. Ou melhor dizendo, eles enxergam melhor do que nunca, mas na esmagadora maioria das vezes, só vemos uma coisa: aquilo que nos fez ficar dessa forma. Além disso, além do causador de nosso medo, não vemos mais nada. É como se estivéssemos enxergando através de um cano ou de um buraco de fechadura.
Retesados, rijos e sólidos como rocha. Nossos músculos demonstram a intensidade do efeito causado. E apesar de demonstrarem tamanha força, eles recusam-se a nos ajudar a tomar alguma ação. Seja reagir, correr ou apenas desfalecer.
Mas apesar disso tudo, não tenho nada contra o medo, pelo contrário. Relato com tamanho domínio no assunto, por ser um medroso nato. Tenho medo por mim, pelos outros e por aquilo que nem mesmo está próximo de mim. Sinto medo.
Mas existem momentos que, não sei por qual razão, eu não sinto medo. Permaneço frio e impassível, com a expressão firme e singular diante daquilo que deveria me trazer o medo. Em momentos como esse meus olhos deixam de ser amigáveis, meu sorriso desaparece e confesso que deixo de me reconhecer. Torno-me outra pessoa. E quando esse tipo de coisa acontece, sinto medo. Sinto muito medo de mim mesmo.

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