terça-feira, janeiro 05, 2010

Branco

As lembranças ainda percorrem o meu pensamento. Meus ouvidos ainda não estão acostumados com o silêncio e o simples sopro do vento faz com que tudo ecoe. As vozes se calaram, as cores se foram. Nada mais sobrou.
O gosto amargo em minha boca confirma que o tempo passou, meus olhos não se fecharam por apenas um instante. Fecharam-se por tempo demais.
Minhas lágrimas secaram no canto dos meus olhos, assim como as últimas palavras perderam a força no fundo da minha garganta. O som se foi!
Mas as lembranças continuam vivas em minha cabeça. Tudo é visto e vivido na mesma velocidade que o som. Talvez, até mais rápido do que isso. Sonhos conquistados, desafios feitos, novas metas traçadas. Conquistas foram celebradas, perdas foram lamentadas. O tempo, como sempre, alheio a tudo isso, mantém sua fiel marcha. Rumando adiante, nunca acelerando, nunca desacelerando. Constante.
No meio disso tudo, estamos nós. Homens vulneráveis, frágeis de corpo e mente. Facilmente comprados, persuadidos, derrotados. Homens ordinários, capazes de sonhar e desejar. Capazes de pedir e mandar. Incapazes de agir.
Sinto o vento em meu rosto. Ouço as ondas quebrando e respiro o doce aroma de uma nova manhã. A areia sob meu corpo se mistura com pétalas de diversas flores. Copos plásticos, garrafas de champagne e embalagens dos fogos de artifício estão espalhados na primeira manhã do ano. Abro os meus olhos com dificuldade, mas o sol ofusca minha vista. Não consigo enxergar por um bom tempo, e quando consigo, tudo que vejo é... branco!

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