Oras, quão idiota é você, que não é demolidor de suas próprias opiniões? Se ao longo dos anos ergueste e te equilibraste em teus alicerceres e cercanias de impressões, de que adiantarão quando a tempestade dos anos passar e corroê-las por dentro, se não liberares o cerco para destruí-las você mesmo? Ou ao menos reestruturá-las?
Então chegue aos sessenta anos travestido de um arquiteto velho e obsoleto, morando em uma palácio tomado pelo lodo. E esperes a primeira visita dizer-te o quê tanto esperaste, e para quê tanto te preparaste, e não sendo o que pensaste, atentará contra teu palácio e - finalmente!, poderás alegar Permanência de Patrimônio Histórico.
Poderás também, depois da tua casa, à tua imagem e semelhança travestir o mundo além do quintal, e nada, absolutamente nada mais soará desconhecido.
Com o medo, desaparecerá toda e qualquer possibilidade de epifania. Não mais te maravilharás. O mundo será teu espelho, como o mármore de teu palácio. Teu rosto sisudo adornará tuas paredes de dentro, e as ervas-daninhas as de fora. Morrerás fitando tua própria imagem a queimar tuas retinas.
***
Pois então: aproveites a juventude e esfrega-te os olhos, pequeno adulto. E torna-te velho, observando o mundo ainda como criança.
(PS: Perdoem a minha ausência. A faculdade e os serviços ruins de internet não andam me permitindo postar)
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
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Grande xará!
ResponderExcluirA ausência foi suprida com essa ótima fábula!
Nada mais triste do que morrer de orgulho, onde nosso próprio reflexo será o causador de nossa desgraça!!!
Abração!
£!