quarta-feira, junho 23, 2010

Passeio no Jardim das Flores Suspensas

Eu sou a morte suave
Que seduz e encanta
Que acaricia e envolve
Que eleva as folhas secas
Que sopra a saudade nos cabelos

Sou a morte que deixa saudades
Que dança nas sombras do teu pesadelo
Que ouve os sinos que tocam em teus olhos
Que sorri tuas lágrimas de adeus desesperado

Eu sou a brisa no cemitério em um dia de outono
No enterro com poucos amigos
Na despedida banhada de chuva
No vestido negro da viúva

Sou quem te dará as mãos para atravessar o tempo
Vestida de branco, abraçada em teus ombros nus

Descalça no vento, beijando tuas faces pálidas
Carregarei contigo a carne se desfazendo em pus

Te darei minhas flores suspensas
Para que perfume sua chegada ao nunca mais

Eu sou a morte suave
Que te abraça em tons rudes
Que te acalenta com as piores canções
Que te ama e te destrói

Sou aquela sua morte

2 comentários:

  1. Aiaiai...
    Não sei porque esta imagem me encantou tanto...
    Como se um trovador muito antigo, me entoasse estes versos,
    e eu, que amo jardins,
    e cemiterios de terra,
    acompanhasse hipnotizada...
    um beijo.
    parabens pelo lindo texto!

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  2. Belo poema!
    Expressividade latente...

    Parabéns!

    Abraço,
    Patrícia Lara

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