sexta-feira, novembro 27, 2009

Valores

Jorge nunca sonhou em realizar. Seus sonhos sempre foram guardados. Trancafiados em cofres particulares, acumulando poeira em histórias de glórias.
Dormia sobre colchões recheados de cédulas, porém, não fechava os olhos e nem se entregava ao prazer do sono. Era cercado de medo e insegurança. Não permitia aproximação com o mundo. Só sabia guardar. Não aprendeu muita coisa. Não sabia dividir, não sabia assoviar e nem cantarolar.
Penso sempre que Jorge não conseguiu tempo para viver algum prazer diferente. Contava tudo, mas não contava as horas que lhe restavam, pois a vida Jorge não poderia nunca guardar.
Noite de verão e muitas estrelas no céu. Augusto, primo de Jorge, passeava pela orla a admirar as belezas da natureza e parou para tomar um suco com o dinheiro que restou do seu salário mínimo. Augusto vivia bem, mas não sabia guardar nada. Só colecionava valores sentimentais. Se sentia feliz, mesmo desejando mais.
Na mesma noite lhe bate um desejo de rever o primo. Cultivava a família e o amor por ela. Ligou e ninguém atendeu. Foi direto à casa do primo que era ali mesmo, perto de orla.
O portão estava aberto. Augusto estranhou e seguiu. Na porta da sala, rastros de sangue e notas de cem. Augusto se desesperou!! Correu até o quarto.
Jorge estava morto, abraçado ao colchão encharcado de sangue, e notas enfeitando o seu sono eterno. Conseguiu fechar os olhos, depois de muito tempo. Conseguiu se entregar ao sono depois de tanto tempo.
Jorge não soube contar sua história, não soube contabilizar seu tempo.
Augusto entendeu o valor da nota de cem. E Jorge, certamente, foi embora sem saber o valor de um suco na orla.

5 comentários:

  1. Galera!! Vida corrida!!! Desculpem a demora!! E nem conto para vocês o momento que escrevi este texto!! hahhahhahaha.. Sei que tá fraco, mas... só para não passar em branco. Beijos

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  2. FRACO???

    Se isso tá fraco eu devo me retirar! HEHEE!
    Deh, mto bonito!!! Patcha duma mensagem!

    Adorei!

    Ps. não vou nem falar q adorei o rubro toque q deu pro seu conto! HEHEEHHEE! SANGUEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!! hehee!

    bjão,
    £!

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  3. Ahhh Déby e quem disse que existe texto fraco quando o ator exala arte por todos os poros como você?
    Eu adorei!

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  4. Ahhh, o que é a modéstia, não dona Debby? rsrsrs

    Fraco? Fraco seria eu tentando escrever algo assim... Sangue poético nas veias. Libera mais disso ai menina! Entre pra campanha de doação de sangue na escritas rsrs

    Beijos com gosto de suco na orla e uma gotinha de sangue.

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