terça-feira, dezembro 22, 2009

Presente de natal

Já era tarde da noite e o pequeno Martin teimava em ficar acordado. Seus olhos faziam um esforço tremendo para não se fechar; não deixaria passar mais um natal sem ver o Papai Noel com os próprios olhos. Precisava acreditar.
Olhava fixamente para a lareira que apagara. Não queria queimar o Papai Noel. O relógio na parede soou meia noite; os olhos do garoto se arregalaram. Se o bom velhinho não chegasse logo, Martin dormiria ali mesmo.
Um suave ruído despertou de vez o garoto. Algo estava no telhado de sua casa. Sem dúvida seriam as renas encantadas. Martin se escondeu atrás do sofá; pois não queria assustar ou surpreender o Papai Noel, queria apenas vê-lo, queria crer.
Um ruído áspero percorreu a lareira. Ele estava descendo. O garoto estava com um sorriso no rosto, mas este fora substituído por uma terrível expressão de preocupação quando o Papai Noel escorregou e caiu. Foi uma queda abafada, sem ruídos. A poeira subiu e impediu que o garoto enxergasse qualquer coisa.
Hesitou, temeu por algo ruim ter acontecido, mas logo notou que o Papai Noel estava se levantando. Ainda não era possível vê-lo, mas resolveu se aproximar, mostrar-se e oferecer ajuda.
Já estava a poucos passos da lareira, quando um sutil brilho surgiu de dentro da escuridão da lareira. Martin não conseguiu identificar o que era, mas podia arriscar que era um par de olhos.
- Pa-Papai Noel? – Sua voz saiu fraca.
- Feliz natal, Martin! – O par de olhos se estreitou. A voz era como o sussurro de um rugido.
Instintivamente o garoto recuou, mas os olhos ainda o fitavam. Estreitavam-se. E assim que saíram da lareira, surgiu um grande corpo curvado. Notou que uma roupa vermelha cobria a pele pegajosa.
Assim que a pouca claridade da janela iluminou, Martin pode ver uma grande boca, cheia de dentes afiados, saltar sobre seu pequeno corpo. O peso do Papai Noel não o incomodou por muito tempo, pois em instantes sua vida já fora tomada.
Naquele natal, Martin conheceu o Papai-Noel, e o seu presente foi a morte.
Conto escrito em Dezembro de 2003. Foi minha primeira publicação impressa. Esse conto esteve presente no Jornal da Praça nº 19, que circulava na Praça Benedito Calixto - Zona Oeste de SP.

2 comentários:

  1. Ahhhh... O Espírito Natalino! Como eu gosto disso... rsrs

    Parabéns Léo!

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  2. hehehe esse eu já conhecia... pelo menos o pequeno Martin viu o "bom velhinho" e nunca mais vai esquecer esse natal...

    abraços.

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