Personagem Principal & Filtro da Narrativa:
Há este homem; um homem composto de retas e curvas geométricas perfeitamente anguladas. Ele é obsecado por simetria e por dualidade. Tese e antítese. Seu próprio corpo e seu nome são as representações hiperbólicas absolutas de sua personalidade. Certinho. Um arquiteto apaixonado pelo modernismo. Um paper architect. Suas criações nunca tomaram três dimensões.
Início:
Sua história começa no momento em que um raio parte os céus e finca em seu apartamento milimericamente organizado, criando um incêndio que acaba por destruir todos os seus pertences.
Mundo Interior & Background Emocional:
Nesse momento, Asterios está miserável. Passa os dias sentindo pena de si mesmo. Seu apartamento antes tão organizado agora é a perfeita representação do caos que é a representação de si mesmo que é a representação de sua estrutra exterior. Não há forma geométrica que resista às chamas. Asterios sempre acreditou que o mundo é a extensão de si próprio. Em outras palavras, não há como escapar do triste fato de que tudo que vemos sentimos pensamos molda o mundo e a realidade cuja existência só existe como o produto final já decantado pelo cérebro. O raio que partiu os céus e fincou em seu apartamento é então uma consequência resultante de seus próprios atos, causando um abalo sísmico em toda a estrutura una do personagem-ambiente, e portanto Asterios não se espanta com as labaredas que vazam pela sua janela, a cintilar em forma de pequenas manchas laranjas solitárias em seus olhos indiferentes.
Um diálogo-chave:
“Se você só tivesse tempo de levar três coisas do seu apartamento, o que você escolheria?”
“Eu não penso em termos de três.”
Um aviso do Narrador:
Agora Asterios sente em seu mais profundo e adormecido âmago um sentimento novo, estranho e peculiar, nunca antes pertencido a seus recantos geométricos enraizados na Proporção Áurea, pois um turbilhão tem forma geométrica irregular, e espirais possuem muito mais em comum com o caos, e Asterios antevê um impulso repentino não-apolíneo que ditará sua vida de agora em diante, engatilhado nos traços bêbados da memória e em um mito fundador de origem uterina, mas cuidado, cuidado Asterios, eu pressinto que se livrar de seu conforto retilínio uniforme e dar vazão à Qualquer-Coisa-Dionisíaca caótica e não delineável é se tornar vulnerável à certas leis cósmicas vigentes na insondável relação entre forma e conteúdo, entre sugerir e impor, de cujo controle só é possível a mais ingênua sensação.
segunda-feira, maio 17, 2010
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Olá!!!
ResponderExcluirPassando para dizer que em um pequeno gesto de carinho, postei um selo para você lá no meu blog. Em agradecimento às belas palavras que me inspiram tanto.
Beijos
Leticia Duns.
Gostei dessa neo-criatividade linguistica em Esboço Narrativo...
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