segunda-feira, maio 03, 2010

Um lugar pra se chamar de lar.

(Sei que devo desculpas infinitas pela minha também infinita negligência. A qualidade não é tão redentora quanto eu esperava que fosse, mas espero que suscite algum vislumbre de redenção. Tolo, tolo.)


À casa torno cansado

Da batalha diária

Pra ganhar meu centavo.


Mas são frangalhos

Esses lençóis

Que me agasalham.


Me acomodam

Do frio das ruas

Nesses retalhos


Mas me enjaulam

Na indolência

Do encarceirado


Violentado

Pela solidão

Do seu abraço.


Pois vê enquadrado

Tão longe ali fora

O dia ensolarado


Por um espaço

Tão ínfimo

Entre seus braços.

--!

E num repente sórdido

Percebe no lar

Um ambiente inóspito.


Fita ensandecido

O suicídio da amada

Que não houve.


Afaga, enternecido,

Os cabelos do filho

Que não teve.


Embrenha acometido

Entre lençóis

Já esquecidos


Ambos eles

Homem e lençóis

Retalhados


Pela batalha diária

Pra se ganhar

O centavo.


Que horror, quanta cólera!,

Ver o suor do trabalho

Florescer o mundo em volta,


Enquanto solitária

Em sua casa

A alma pede esmola.

Um comentário:

  1. Caralho! rs só falando assim...rs Que demais! Não se preocupe com faltas quando você volta com um poema desses Leo!

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