terça-feira, dezembro 29, 2009

Ano novo, cartas mortas.

Prezada senhora,
Ao entrar em casa
Vi que tinhas saído.
Foi ver os fogos, eu pensei.
Mas a barulheira é tanta, muita festança,
Que nos pensamentos também dancei.

***

Prezada senhora,
Já passam das tantas.
A casa toda já rodei.
Pus uma música e uns copos,
E embebido na ansiedade da tua chegada,
Com os festantes também pulei.

***

Prezada senhora,
A rua já silencia
Justo quando me embriaguei.
Tanta demora pro vinho bater,
Qu me pareceu que te aguardava.
Mas no fim, sozinho chutei e gritei.

***

Prezada senhora,
O céu está banhado em sangue.
As nuvens são línguas de fogo
Me lambendo esse corpo que tanto queimei.
Lá fora o calor abraça os restos da festa
E aqui dentro os restos que me tornei.

***

Prezada senhora,
E lá se vai, morre outro ano sem você.
E sobre seu corpo, se ergue o ano novo.
Para que mal nunca penses de mim,
Nem que de ti guardo rancor,
Essas cartas em fogo eu banharei.
E da tumba dos anos antigos ressucitado
Em trapos de esperanças trajado
De braços abertos te esperarei.

Um comentário:

  1. Eterna espera da prezada senhora...
    Imagino que todos nós esperamos por ela e a cada ano, vamos aguardar, pacientemente!

    Grande texto, xará!

    Abraços,
    £!

    ResponderExcluir