sábado, dezembro 12, 2009

Dois Verbos Mudos

Permaneci deitada olhando entre os espaços dos travesseiros e seu rosto. Ali, numa só pose reparei todos os festivais do teu corpo.
Havia um copo de café já frio em cima da mesa de cabeceira e nossas roupas todas jogadas no chão, a lâmpada apagada e minhas retinas ainda acesas. Eu olhei pra você querendo te dizer alguma coisa sobre a pontualidade das palavras e o sol que invadia as cortinas. Mas o eco entre a boca e as manhãs nascidas me fizeram fingir dormir mais um pouco. Eu lançava minha respiração na sua boca e a sua vinha na direção da minha. Absolutamente integrados e minha consciência pesando em cima desta nossa liberdade magra. Aí, você se levanta pra acender seu cigarro e falar todas as possibilidades maciças de suas frases e planos, a voz branda cai por cima de mim e o jeito das tuas mãos denunciam a similaridade de todos os homens. Um mantra incompleto reafirmado nos movimentos intranquilos das bocas e línguas. As coisas recomeçadas em si mesmas e nossas pernas tremendo. Dois mundanos com seus corpos de frente e a vontade expandindo em nosso acordo corporal. E o vício confundindo até nossas crenças. Parecíamos não olhar para lugar nenhum, sem memórias ou argumentos sufocamos na vontade de apenas continuar.
Nos despimos outra vez de tudo, os olhos fechando e nossa cena dispensada.
Meu cabelo preso e tuas mãos em minhas costas, nossos olhos sorrindo e a cama inteira constatando que somos dois verbos mudos.


PS: Desculpem a demora e o texto antigo, mas minha vida está de pernas pro ar esses dias.

Um comentário:

  1. Desculpa nada!

    O texto esta INCRÍVEL!!!

    gostei mesmo, super bonito!

    amo o blog!

    beijoO.

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